terça-feira, 2 de março de 2010

Quando um não quer, todos brigam

Não sou muito de usar frases feitas como provérbios, ditados populares e coisas do gênero. Prefiro montar meu próprio quebra-cabeça embasado nas minhas convicções e na minha (pouca) vivência. Porém admito que às vezes tais frases são necessárias para uma compreensão fácil e rápida de algumas situações.

“Quem tudo quer, tudo perde”, põe um freio em nossas ambições. Aquela da água mole em pedra dura já nos incentiva à persistência de algo. Ainda há aqueles em que “a sua inveja faz a minha fama”, puramente narcísicos. Já a andorinha que sozinha não faz verão nos conscientiza que “homem nenhum é uma ilha”. A casa de ferreiro e o espeto de pau estão em todos os lares. Mas o que dizer do “quando um não quer, dois não brigam”? O conselho é bom! Se o seguíssemos, seria muito mais fácil. Não quero, não quero e pronto. O respeito pela decisão de outrem imperaria e cada um seguiria seu rumo sem pestanejar. A nossa mente, neste instante, deveria processar a informação e executá-la mecanicamente. Entretanto, na prática, não é o que acontece. Principalmente no que tange ao término de relacionamentos afetivos.

Silêncio? O que se segue é uma série de indagações e de insistências, de dúvidas e incertezas... Mas não é nada fácil para ambos os lados. Não é fácil dizer não; muito menos ouvi-lo. Quem já bateu o pé no “não quero discutir” e conseguiu sair desta sem uma farpa sequer, que jogue a primeira pedra. Jogue outra, aquele que nunca questionou o não alheio; mesmo que tenha sido consigo próprio - “por que não eu?”. “Fala alguma coisa, vamos!” A gente nunca tem uma afonia nestes momentos. “Você é legal, mas...”. Que chato ser legal numa hora dessas! E a discussão – com o outro lado da moeda e com você mesmo – segue caminho.

O que se teme, posteriormente, são as conseqüências de quando um não quer: cada um age à sua maneira. Tem uns que desdenham com o “nem gostava tanto mesmo...” e aí eu me lembro da raposa e das uvas. Outros dizem que são assim mesmo, que não vão mudar nunca e quem quiser vai ter que gostar do jeito que são. Entretanto, eu prefiro acreditar no “seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo”.

E quando a procura pelos próprios defeitos se torna a mais nova missão de vida? Muitas vezes, identificamos-lhes e damos-lhes uma proporção aquém do que deveriam. “A culpa é do nariz! Eu sou horrível, eu não presto pra nada mesmo!” E nesta falta de compasso forçamo-nos a sermos alguém que não somos com o intuito de (re)conquistar o interesse do outro e de recuperar a auto-estima. Tanto esforço em vão...

Decerto que uma auto-reflexão nestas horas é algo a ser encarado com bons olhos: mudar o que pode ser mudado, melhorar o que pode ser melhorado e manter o que deve ser mantido. E como a esperança é a última que morre, de grão em grão encheremos nossas discussões de bom senso. Falar o necessário, ouvir o necessário, já que quem fala o que quer, ouve o que não quer. Quem sabe assim, mais amadurecidos, cheguemos no dia em que a compreensão seja o ponto forte para que dois não briguem quando um não quer. Devagar se vai ao longe e, um dia, chegaremos lá...

Um comentário:

  1. Amiga do blog e da vida: escreveu pra mim? Se não foi, parece!
    Estou nessa fase: "preciso me jogar fora e fazer outra, com urgência!". É claro que é dor de cotovelo e logo passa. Só espero que não passe totalmente...que eu encontre esse meio termo entre o "preciso nascer de novo" e o "sou legal, mas posso ser melhor".

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