quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre a paixão

Não falo, exclusivamente, da paixão que une homem e mulher.
Falo da paixão como um sentimento necessário ao engajamento e à graça da vida.
Paixão, um sentimento que mobiliza, dá sentido, mostra direções, condiciona escolhas.
Não consigo pensar em nada mais enfadonho que uma vida sem paixão.

Paixão por uma causa, pelos amigos, pela carreira que escolheu, pela vocação que acredita ter, por um ideal político, por um dogma (esse pode ser perigoso, mas não pode ser esquecido), por um desejo ainda não realizado, pelo sossego que conquistou (por que não?).
A paixão não precisa ser sempre arrebatadora e, bem aproveitada, pode indicar caminhos de plenitude que a razão pura jamais encontraria. Isso porque a razão leva em conta muitos fatores: o que os outros vão pensar? Que estabilidade esse trabalho vai me dar? Como posso namorar esse irresponsável? Para que perder tempo com política? Mas tem pouquíssima astúcia para lidar com aquilo que realmente desejamos, aquilo que, de fato, nos fará felizes. Não vou aqui advogar a favor da paixão em detrimento da razão. Ainda não encontrei a medida certa para essa mistura, mas já aprendi que uma segura a onda da outra nas horas de necessidade.
Partindo disso, chego a pensar que a origem dessa crônica pode não passar de uma ansiedade sem tamanho. Ansiedade para encontrar essa proporção mágica, que nos trará a sensatez oportuna e a emotividade exata para cada situação.
Quem conseguir, meu e-mail é: falmesanfono@gmail.com.